Pai se emociona ao apitar jogo de filho em processo de ressocialização em Patos de Minas

Um pai teve um momento emocionante ao lado do filho nessa sexta-feira, no interior de Minas. Árbitro amador, Cássio Ribeiro apitou a partida entre o time de base da URT contra recuperandos de 20 a 35 anos da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac), no estádio Zama Maciel, em Patos de Minas. Só que um dos recuperandos, era o filho dele, Luiz Henrique Duarte. Sem palavras para descrever a emoção, o árbitro não escondeu o “arrepio” por ajudá-lo no processo de ressocialização. O abraço ao fim da partida selou um compromisso entre os dois: a partir de agora, nada de desgosto. Apenas orgulho.

– Primeiramente, é muito gratificante, chego a arrepiar. Deus dá a oportunidade para nós e temos que abraçar. E quero agradecer ao pessoal que fez esse jogo social com os recuperandos. Para mim, é uma emoção ainda maior, porque meu filho é um recuperando da Apac. Está lá, bem zelado, e temos fé em Deus que ele possa sair de lá bem recuperado para estar com a gente de volta na sociedade – explicou Cássio.

O futuro promete ser diferente. As palavras vêm do próprio recuperando, Luiz Henrique, de 25 anos. A fim de dar alegrias ao pai e relembrar os bons momentos, como os jogos apitados pelo pai quando ele era pequeno, Luiz quer provar que está no caminho certo para voltar à liberdade.

– Para mim é uma imensa satisfação fazer parte da família da Apac. Quero agradecer ao pessoal que organizou esse jogo aqui e pedir a Deus que abençoe a todos, para que possamos ter mais jogos como esse para nós. Meu pai apitava meus jogos quando eu era mais jovem, agora é inexplicável, uma satisfação imensa estar ao lado do meu pai. Já dei muito desgosto para ele. Agora, daqui para frente, espero dar muito orgulho – disse Luiz.

Com presença de autoridades e integrantes da diretoria da URT, que disputa o Campeonato Mineiro, a base do Trovão Azul venceu por 3 a 1, mas o placar foi o menos importante. Afinal, a experiência de ressocialização falou mais alto. O promotor da vara da Infância e Juventude de Patos de Minas, Paulo Henrique Delicoli, disse que o futebol pode ajudar em conceitos como disciplina e respeito. Na visão dele, fatores importantes para os recuperandos terem uma segunda oportunidade na volta a convivência em sociedade.

– Essa experiência em Patos de Minas está sendo uma experiência muito grande para os recuperando da Apac e também para a comunidade. Dentro dos elementos trabalhados na metodologia da Apac, temos a participação da comunidade. E aqui estamos vivenciando isso com membros da sociedade que não foram privados da liberdade. No futebol, nós também trabalhamos disciplina, respeito e aprender a viver com frustração pela vitória ou derrota. É uma experiência marcante para nós tentarmos devolver um recuperando por meio da reintegração social – explicou o promotor.

O líder do conselho gestor da URT, Domingos Sávio, destacou a chance de integração dos recuperandos por meio do esporte e abriu as portas do Trovão Azul para eventos desse porte.

– A URT é muito mais que um clube de futebol. Então, não seríamos nós que fecharíamos as portas para quem quer tentar ser reconduzido à vida. São milhares de pessoas tentando a carreira no esporte e, às vezes, trabalhamos um pouco para essa frustração das crianças, já que poucas chegam ao profissional. Se não for no futebol, vão encontrar no tráfico, nas drogas, coisas que não são legais. Se é uma tentativa de recuperar, estamos nessa parceria – pontuou o dirigente.

Além do propósito social, a partida serviu para o time de base da URT, comandado pelo técnico Geraldo Magela, se preparar para o duelo contra o Patrocínio, neste sábado, às 15h30, no Zama Maciel, pela última rodada da primeira fase da Copa Regional Sub-20.

Fonte:G1
Fotos: Bruno Fernandes

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