O guia espiritual, a mãe, a tia e a avó de Maria Fernanda Camargo foram soltos pela Justiça no último sábado (1º). Todos são envolvidos na morte da criança em Frutal, que ocorreu durante um ritual de cura.
Os envolvidos foram presos em abril, durante a operação “Incorporação da Verdade”. O avô da menina também foi denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais, mas estava em prisão domiciliar. Os envolvidos estavam em prisões de Frutal e Uberaba.
A soltura ocorreu após decisão da 2ª Vara Criminal de Frutal. O promotor do caso informou que a decisão foi divulgada às vésperas das eleições e que o MP vai recorrer da decisão.
Em nota, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) informou que “o caso envolvendo a morte da menina Maria Fernanda Camargo tramita em segredo de justiça. Nesses casos, o Judiciário não pode divulgar nenhuma informação”.
À TV Integração, a defesa do líder religioso informou que não iria comentar o caso, devido a uma “decisão”. A defesa da família também foi procurada, mas não retornou até a última atualização da matéria.
Entenda o caso
Maria Fernanda Camargo, de 5 anos, morreu queimada no dia 23 de março durante ritual religioso em uma casa do Bairro Princesa Isabel, em Frutal. Quase um mês depois, no dia 20 de abril, a Polícia Civil prendeu a mãe, a avó, o avô, uma tia e o guia espiritual.
De acordo com a Polícia Civil, inicialmente, a versão apresentada era de acidente doméstico, envolvendo álcool e churrasqueira. No entanto, as investigações apontaram para a participação da criança em um ritual espiritual.
No dia 16 de maio, os envolvidos participaram de reconstituição da morte da criança, que reproduz as versões dos envolvidos e de testemunhas.
Segundo o advogado da família, José Rodrigo de Almeida, não houve ritual maligno e nem bruxaria, mas sim, um ritual de cura pelo fato de a menina ter estado com uma gripe e tosse que não passavam na época.
“Ela tinha plano de saúde, tinha ido em 4 ou 5 médicos, mas não sarava. Por isso, indicaram o médium para fazer o ritual de cura. Ele passou álcool na cabeça dela, nos ombros, bastante álcool. A mãe disse que não era para usar álcool e aí o fogo começou. Isso é o que a família relata e o que está acontecendo hoje indica é que tenha acontecido assim”, disse Almeida.
A advogada do guia espiritual reforçou a importância da reconstituição. Ela também defendeu que a morte da criança foi um acidente. Nós vamos lutar até o final pelo homicídio culposo e não pelo homicídio doloso, mesmo com dolo eventual, pois eles não tiveram a intenção. Foi uma reza e infelizmente aconteceu o acidente”, disse Juliene Sabino.
Pai de Maria Fernanda, Cacildo Carrijo, afirmou que a família sustentou que houve o acidente doméstico e só depois ficou sabendo da versão do ritual de cura. Ele defendeu a realização da reconstituição e afirmou que acredita que em nenhum momento os familiares tiveram intenção de matar a criança.
“Tentaram acudir ela, apagar as chamas. Tanto que minha esposa queimou muito, minha sogra bastante, meu sogro queimou as mãos. Todo mundo tentou ajudar, só que infelizmente já era tarde”, falou Cacildo.
Ainda em maio, todos os envolvidos foram indiciados pela Polícia Civil por homicídio doloso. No mesmo dia, o advogado da família confirmou que o avô da menina teve prisão domiciliar deferida pela Justiça.
Fonte: G1