Um caso de falsa comunicação de crime não vai ficar impune em Patos de Minas. No dia 10 de fevereiro de 2025, o jovem havia inventado um sequestro e roubo, chegando a se auto lesionar nos braços e pescoço para simular que havia sido amarrado. A farsa foi descoberta após haver uma mobilização da PM. O processo chegou à justiça nesta quinta-feira (20).
O caso começou por volta das 19h15 daquele dia, quando a Polícia Militar foi acionada pelo patrão dele que relatou que havia recebido mensagens de WhatsApp do acusado e de uma amiga dele, informando que ele havia sido vítima de um sequestro e roubo. Segundo o empresário, o funcionário havia saído pela manhã em um veículo Fiat Strada Working para prestar serviços em uma propriedade rural no município de Ibiá-MG.
O empresário mostrou às autoridades mensagens desesperadas enviadas pelo funcionário, que incluíam frases como: “anda rápido”; “eu não vou esperar”; estou com medo”; “eu só não sei onde eu estou”; “não conta pra ninguém”; “eles vão me matar”; “eles vão roubar o meu carro”.
A Polícia Militar iniciou uma operação de busca e resgate, rastreando a localização enviada pelo funcionário via WhatsApp. A primeira localização indicava que ele estava na Rodovia BR 365, próximo ao entroncamento com a BR 040. Posteriormente, a localização mudou, indicando que ele retornava pela BR 365 em direção a São Gonçalo do Abaeté-MG.
Durante a operação, os policiais conseguiram contato telefônico com o acusado, que afirmou ter recebido ajuda de uma equipe do SAMU que passava pela rodovia. Ele relatou que havia sido vítima de um roubo e que estava em posse do seu veículo. A enfermeira do SAMU confirmou o contato, mas a história começou a desmoronar quando os policiais encontraram o jovem na altura do km 297 da BR 365.
Ao ser abordado, ele inicialmente contou uma versão detalhada do suposto crime. Ele afirmou que foi abordado por três indivíduos encapuzados em um veículo VW Golf, branco, próximo à Produtiva Alimentos, na zona rural de Patos de Minas. Segundo ele, dois dos criminosos empunhavam armas de fogo, e ele foi amarrado com “enforca gatos” nos pulsos, pernas e pescoço. Ele ainda disse que os criminosos o abandonaram em um canavial na Fazenda Nelore Brasil, em João Pinheiro-MG, e que ele conseguiu se soltar e dirigir até pedir ajuda.
No entanto, durante o diálogo com os policiais, ele apresentou contradições em sua narrativa. Sob pressão, ele confessou que havia inventado toda a história. Ele admitiu que comprou os “amarra gatos” e provocou os hematomas em si mesmo para simular o sequestro. Ele também afirmou que a amiga não tinha envolvimento com a farsa.
Ele apresentou duas versões para justificar sua ação. Na primeira, ele disse que tinha uma dívida com indivíduos de Ibiá-MG e que combinou com eles simular um roubo. Na segunda versão, ele afirmou que foi abordado por dois homens em um Fiat Mobi, que o obrigaram a transportar 10 kg de maconha para o distrito de Luizlândia do Oeste. No entanto, nenhuma das versões foi comprovada, e a motivação real para a farsa permanece incerta.
Ele foi preso em flagrante e conduzido à delegacia de plantão da Polícia Civil de Patos de Minas. Ele foi autuado por falsa comunicação de crime, prevista no artigo 340 do Código Penal, e assinou um Termo de Compromisso de Comparecimento (TCC) para responder ao processo no Juizado Especial Criminal da comarca. O telefone celular de Otávio foi apreendido como prova, contendo as mensagens enviadas durante a farsa.
O veículo Fiat Strada foi liberado para o pai dele. O caso não foi nada bem aceito pelos policiais e a população, que criticaram o uso indevido de recursos públicos e o desgaste causado pela falsa denúncia.
O caso serve como alerta para as consequências de falsas comunicações de crime. Além de mobilizar equipes policiais e outros recursos, situações como essa podem colocar vidas em risco e prejudicar a credibilidade de quem as pratica. Agora, ele terá que enfrentar as consequências legais de seus atos, enquanto a justiça decide o desfecho do caso.