O ex-diretor financeiro de uma faculdade particular de João Pinheiro, no Noroeste de Minas, foi condenado a 28 anos de prisão pelo homicídio de um ex-colega de trabalho que delatou um esquema de corrupção na empresa.

O crime ocorreu em agosto de 2006, quando Roberto Leles de Oliveira teria perseguido Fábio Alves Rodrigues Filho na BR-040 e provocado um acidente que também matou um motorista de caminhão.

Em nota assinada pelos advogados José Romeu Rodrigues Júnior, Victor Hugo Cardoso dos Santos e Caio Hermenegildo de Castro, a defesa de Roberto afirmou que houve “um grande equívoco acusatório” e que o que ocorreu foi um “lamentável acidente de trânsito”. Ainda segundo a nota, haverá recurso à decisão. Veja o posicionamento na íntegra mais abaixo.

O julgamento foi realizado na última segunda-feira (19) – 17 anos depois do ocorrido – após o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) oferecer uma denúncia à Justiça.

O júri optou pela condenação por homicídio duplamente qualificado, e o juiz Maurício Pinto FiIho determinou a prisão imediata de Roberto em regime fechado.

O que diz o MPMG

Segundo a denúncia oferecida pelo MPMG, Roberto e a vítima trabalhavam juntos no setor financeiro da faculdade em 2006. Após ser alertada sobre desvios financeiros no setor, a instituição de ensino contratou uma autoria interna para apurar o caso.

Durante esses trabalhos, Roberto, que era diretor do setor, passou a ameaçar o colega, que estava auxiliando nos trabalhos da auditoria. Pressionado pelas ameaças, a vítima redigiu uma carta em que revelava todo o esquema de desvio de recursos.

Com isso, ambos foram demitidos da empresa no dia 30 de agosto de 2006. No mesmo dia, segundo o MPMG, Roberto passou a procurar o outro rapaz pela cidade e encontrou em um posto de combustíveis, onde os dois discutiram.

Em seguida, a vítima entrou no carro dela e seguiu pela BR-040, sendo seguido pelo homem. Próximo ao KM 153 da rodovia, Roberto realizou uma manobra na pista, levando – ex-colega a bater em um caminhão.

Com o acidente, a vítima morreu imediatamente. Em razão dos ferimentos, o motorista do caminhão também morreu após ser socorrido.

O que diz a defesa de Roberto

“Em relação à narrativa feita pelo Ministério Público, a defesa entende que há um grande equívoco acusatório, especialmente no que se refere às imputações, considerando que as provas dos autos indicam a ocorrência de um lamentável acidente de trânsito, que por pouco também não vitimou o senhor ROBERTO.

Conforme o entendimento da defesa, a forma como foi narrada a dinâmica dos fatos, corroborada por reprodução simulada juntada no processo, não se é possível deduzir a ocorrência de qualquer crime praticado pelo senhor Roberto.

Na verdade, verificou-se que, Roberto conduzia um veículo automotor e uma das vítimas, Fábio, estava conduzindo outro veículo, logo a sua frente. No entanto, quando o senhor Fábio tentou realizar uma ultrapassagem, acabou colidindo de frente com o senhor João César, que conduzia um caminhão que seguia na pista contrária.

Assim, a defesa manifesta seu inconformismo com a decisão judicial, por meio dos recursos cabíveis a serem apreciados pelo Tribunal de justiça e, que demonstrarão absurda e desproporcional injustiça perpetrada no referido julgamento.

Por fim, a defesa deixa claro que, a suposta motivação dos fatos, não passam de informações dispersas e sem nenhum fundamento, configurando verdadeiro abuso acusatório”.

Fonte:G1

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