A participação das mulheres no agronegócio de Minas Gerais e do Brasil é crescente. Além de atuarem no campo, conduzindo a produção, elas também estão assumindo a gestão dos empreendimentos e de entidades representativas do setor.
Uma matéria do Diário do Comércio, publicada nesta quarta-feira (8), apresentou alguns exemplos e destaques no estado.
Um dos destaques é a médica veterinária, produtora rural e presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Lagoa Grande, Renata Guimarães Teixeira Borges. Desde pequena, ela participou de forma ativa na produção de leite, estimulada pelo pai, o produtor Antônio Teixeira de Araújo. “Meu pai, que é produtor de leite, sempre me colocou para frente. Ele fazia questão que a gente enxergasse o negócio e conhecesse cada serviço na fazenda para que eu pudesse avaliar e mandar outras pessoas fazerem e também pensando em uma sucessão familiar”.
Ainda segundo Renata, mesmo com a experiência na fazenda do pai, ainda enfrentou desafios.
“Sou veterinária e quando eu comecei a atender, às vezes chegava em uma fazenda com outra pessoa e o produtor me mandava para a cozinha tomar um café com a esposa. Achava que outra pessoa ia atender. Então, até a gente criar credibilidade, mostrar serviço, mostrar que a gente é capaz, passamos por essas dificuldades até que aceitem que a mulher pode e é capaz de fazer o mesmo serviço”.
Produzindo grãos e gado de corte desde 2015 na Fazenda Agropecuária São Bento, Renata assumiu há três anos a presidência do Sindicato dos Produtores Rurais de Lagoa Grande. Entidade que irá presidir, pela segunda vez, por mais três anos.
“Meu pai foi um dos primeiros presidentes e eu o acompanhava no sindicato. Depois, acabei fazendo parte da diretoria. Há três anos, em 2020, fui convidada a assumir o sindicato, que passava por muitas dificuldades. Aceitei o convite e venho trabalhando muito para superar as dificuldades e atender, da melhor forma possível, os produtores rurais”.
Renata explica que o desafio tem sido grande. Segundo ela, mesmo durante a pandemia de Covid-19, os resultados foram mais positivos. Uma das iniciativas implementadas e que ajudou a melhorar os resultados foi a realização de leilões virtuais, que ainda fazem parte das atividades promovidas pelo sindicato.
“Agora, vou continuar por mais três anos. Os sindicatos passam por muitas dificuldades, principalmente de renda. Mesmo assim, queremos atender os produtores da melhor forma. As pessoas que trabalham comigo estão sempre passando por treinamentos, para ficarem cada vez mais qualificadas e ajudarem os produtores a resolver os problemas”.
A produtora rural ressalta que, mesmo com receio ou enfrentando dificuldades, as mulheres devem se capacitar e assumir cargos de lideranças no agronegócio.
“A cada dia mais mulheres estão assumindo cargos de liderança. Eu acho que isso é muito importante porque a mulher tem uma sensibilidade diferente do homem, esse ponto faz a diferença. A mulher é mais sensível, tem capacidade de enxergar mais detalhes, então, quando ela tem conhecimento, tem capacitação, ela começa a enxergar a coisa de um modo diferente, o que, muitas vezes, é o gargalo do homem”.
Em Minas Gerais, segundo os dados divulgados pela Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), em 10 anos, a participação da mulher no agronegócio cresceu 46,2% no Estado.
Baseada no último Censo Agropecuário, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Seapa explica que, em 2006, eram 59,3 mil estabelecimentos agropecuários liderados pelo gênero feminino no Estado. Já em 2017, as mulheres somavam 86,7 mil. No segmento, o aumento de mulheres à frente da tomada de decisões foi de 28%, entre 2006 e 2017.
Fonte: Diário do Comércio